sábado, 10 de maio de 2008














Ser livre

Voar é ser livre
Livre de pensar, amar, sentir
Sorrir, cantar, chorar, dar e sonhar
Sair de si próprio para se encontrar
Partir e não voltar, chegar aqui e além
Não amar ninguém odiar porque nasceu e não morreu
Estar viva sem vida, amar sem ter amor
Saber que é sem saber quem é e porque é
Ó meu DEUS dá-me a tua mão
Que eu estou perdida
Dá-me guarida
No Teu coração

Autora: Maria do Céu Oliveira



Missão de Paz

Foi em Novembro passado
Todo o mundo estremeceu
Um massacre em Stª Cruz
E muita gente morreu

Portugal chorou seus filhos
Os jovens não mais calaram
Missão de Paz foi a voz
Para todo o mundo a levaram

O barco partiu para além
Levando gente daqui
Flores para quem morreu
Lá muito longe em Dili

Foi com grande emoção
Quando avistaram Timor
Pois sabiam que ali perto
Muitos choraram de dor

Choraram no barco choraram
Não os deixaram passar
E no derradeiro adeus
Deitaram as flores para o mar

E Timor todo em silêncio
Ajoelhou-se e rezou
Lembrando todos os seus filhos
Que a Indonésia matou

E eu que aqui fiquei
A contar os vossos feitos
Pergunto ao mundo inteiro
Onde estão os vossos DIREITOS?

Autora: Maria do Céu Oliveira

(escrito em Março de 1992, reportando-se ao massacre no cemitério de Stª Cruz em de Dili - Timor. em Novembro de 1991)



Porto de Abrigo

Ando à deriva
Neste mar de gente
Que alguém um dia
Terra lhe chamou
Ando perdida
Não encontro porto
Não tenho norte
Não sei onde estou
Já estou cansada
De tanta tormenta
No porto certo
Eu queria entrar
Mas todos os portos
Me foram fechados
Só o teu Senhor
Me deixou ficar

Autora: Maria do Céu Oliveira



Menino Jesus

Sonhei que corria
Num campo florido
Deitei-me no chão
Ouvi um gemido

Corri como louca
E fui encontrar
Um menino sentado
Que estava a chorar

Limpei suas lágrimas
E dei-lhe o meu pão
Comeu e sorriu
Pegou-me na mão

Beijou minha testa
Afagou meu rosto
Brincamos e rimos
Até ao sol posto

Como estava frio
Ao colo o peguei
Dormimos mil anos
Ao certo não sei

Mamã me chamou
Quando acordei
Ia dar-lhe um beijo
Já não o encontrei

Acordei finalmente
E que grande alegria
O menino era o filho
Da Virgem Maria

Autora: Maria do Céu Oliveira