quarta-feira, 12 de novembro de 2008

A sua irritação não solucionará problema algum.

As suas contrariedades não alteram a natureza das coisas.

Os seus desapontamentos não fazem o trabalho

que só o tempo conseguirá realizar.

O seu mau humor não modifica a vida.

A sua dor não impedirá que o Sol brilhe amanhã

sobre os bons e os maus.

A sua tristeza não iluminará os caminhos.

O seu desânimo não edificará a ninguém.

As suas lágrimas não substituem o suor que você

deve verter em benefício da sua própria felicidade.

As suas reclamações, ainda mesmo que afetivas,

jamais acrescentarão nos outros

um só grama de simpatia por você.

Não estrague o seu dia.

Aprenda, com a Sabedoria Divina,

a desculpar infinitamente,

construindo e reconstruindo

sempre para o Infinito Bem.

Chico Xavier / André Luiz (espírito)

Nosso Medo

(Nelson Mandela)

Nosso medo mais profundo não
é o de sermos inadequados.

Nosso medo mais profundo é que somos
(através de Deus) capazes além de qualquer medida.

É a nossa luz, não as nossas trevas, que mais nos apavora.

Nós nos perguntamos:
Quem sou eu para ser Brilhante,
Maravilhoso, Talentoso e Fabuloso?

Na realidade,
Quem é você PARA NÃO SER?

Você é filho do Universo.
Você se fazer de pequeno não ajuda o mundo.

Não há iluminação em se encolher,
para que os outros não se sintam inseguros
quando estão perto de você.


Nascemos para manifestar a glória do
Universo que está dentro de nós.

Não está apenas em um de nós:
está em todos nós.

E conforme deixamos nossa própria luz
brilhar, inconscientemente damos às
outras pessoas permissão
para fazer o mesmo.

E CONFORME NOS LIBERTAMOS DO
NOSSO MEDO, NOSSA PRESENÇA,
AUTOMATICAMENTE, LIBERA OS OUTROS."


Aniversário
Álvaro de Campos
(Fernando Pessoa)
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.

Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!...
(Nem o acho... )
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!

O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos ...
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!

Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos,
O aparador com muitas coisas — doces, frutas, o resto na sombra debaixo do alçado,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...

Pára, meu coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!...

O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...

    
Paulo Autran
(1922 - 2007)
 

Castelo dos Sonhos
5 Novembro 2008
Declamado por Paulo Autran




Procura-se um Amigo


Não precisa ser homem, basta ser humano,

basta ter sentimentos, basta ter coração.

Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir.

Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro,

de sol, da lua, do canto, dos ventos e das canções da brisa.

Deve ter amor, um grande amor por alguém,

ou então sentir falta de não ter esse amor.

Deve amar o próximo

e respeitar a dor que os passantes levam consigo.

Deve guardar segredo sem se sacrificar.

Não é preciso que seja de primeira mão,

nem é imprescindível que seja de segunda mão.

Pode já ter sido enganado,

pois todos os amigos são enganados.

Não é preciso que seja puro, nem que seja todo impuro,

mas não deve ser vulgar.

Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e,

no caso de assim não ser,

deve sentir o grande vácuo que isso deixa.

Tem que ter ressonâncias humanas,

seu principal objetivo deve ser o de amigo.

Deve sentir pena das pessoa tristes e compreender

o imenso vazio dos solitários.

Deve gostar de crianças

e lastimar as que não puderam nascer.

Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos,

que se comova, quando chamado de amigo.

Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos,

de grandes chuvas e das recordações de infância.

Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer,

para contar o que se viu de belo e triste durante o dia,

dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade.

Deve gostar de ruas desertas,

de poças de água e de caminhos molhados,

de beira de estrada, de mato depois da chuva,

de se deitar no capim.

Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver,

não porque a vida é bela,

mas porque já se tem um amigo.

Precisa-se de um amigo para se parar de chorar.

Para não se viver debruçado no passado

em busca de memórias perdidas.

Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando,

mas que nos chame de amigo,

para ter-se a consciência de que ainda se vive.

Vinícius de Moraes