segunda-feira, 21 de maio de 2012

LIVRE SAUDADE



Forte desejo...
Minha boca abre...fecha...
Em cada evolução,
Ela sopra uma canção,
Som suave...
Com o sabor do nosso amor.
Forte desejo...
De me perder em teus beijos,
Sentir tua pele e nada falar,
Apenas continuar aqui...
Toca em mim,
Vou deixar minha saudade livre,
Ela quer chorar, gritar, ir atrás de ti...
Vou deixar que ela corra, voe
E, se por acaso, ela te encontrar,
Que te diga o quanto estou a sofrer.
Eu te amo e sei que
Um dia irás entender...

Rô Montano

MORO ALÉM


Moro além
mais além
onde moram os sonhos
e nascem as vontades
onde se despedaçam os carinhos
e se oferecem as bocas famintas
onde viajam as palavras
que certeiras e sucintas
visitam os teus olhos
e espraiam-se na tua pele

moro além
mais além
onde Deus inventa
e o diabo dispõe
onde tudo se permite
até sonhar

moro além
na tua imaginação
aonde me desejas
e não podes me tocar
aonde me inventas
em cada verso que fazes
e me possuis em cada trinado
que ouves lá fora
onde a saudade se demora
cada vez que me beijas

moro além
e sei que não posso viver dentro de ti
mas posso sempre te imaginar aqui
junto de mim
onde os nossos olhares se tocam
e os nossos corpos se fundem

Afinal moro além...lembras...?!

Onde tudo é possivel
até fundir-me em quem eu amo...

São Reis

NA CARNE E NA ALMA

NA CARNE E NA ALMA


Sinto na carne o peso dos anos

Sinto na pele a frescura que se esvai

Sinto no olhar a beleza

que aos poucos vou perdendo

amarelecendo

como uma flor que chegou no fim de vida


Dizem que é na carne que se sente

e se cresce

e que na alma permanece

tudo intacto que se queira guardar


Vou tentar arranjar um lugar

que me guarde o olhar

que me serene o rosto

que me afugente as lágrimas


Vou esperar que a minha alma

se conserve jovem

sem qualquer margem

como um cavalo selvagem

que precisa de correr

e de um prado verde para o fazer


Vou esperar que ela jamais cresça

e se saiba ser

pura na essência

frágil na inocência

e doce..muito doce....

como só uma alma sabe ser


Que saiba ser por dentro

o que eu não fui por fora

Que me adoce o olhar

que agora se esvai

que me tome os sentidos sem demora


Que saiba se fazer ponte

mesmo distante

mesmo contraditória

ausente por um instante


Que saiba a minha alma

contar a minha história

e relatar com precisão

as minhas angústias

os meus medos

guardar os meus segredos

ser fiel confidente

eterna companheira


E quando a carne

já não suportar a dor infligida

e à morte pedir guarida

que ela seja em mim

como eu fui nela


Que me guarde por dentro

num cantinho bem singelo

Não precisa nem ser grande

mas que seja o bastante

para me acolher

e aí me deixar morrer


E enquanto na carne for sentindo

aquilo que a vida trouxer

que eu saiba ir digerindo

o que a alma não quiser


E que ela me guarde o sorriso

me conserve o pouco siso

e me deixe ainda brincar

ser criança

ter esperança

na relva e chuva patinhar

aproveitar o céu, o sol, o mar


E quando a minha hora chegar

eu deixar-me-ei levar

com a certeza

de que vi tanta beleza

que na alma vou guardar...


tudo o que a carne sentiu

o olhar viu

e a alma quis para si....


São Reis