quinta-feira, 9 de abril de 2009

Em cor Lilás



Desenhei um menino que andava sozinho,
pedras cortantes feriam seus pés descalços,
nos percalços do andar desse caminho.

Pintei, rabisquei e apaguei o sol,
só assim percebi que a dor não tem definida cor.

Não é da cor da paz,
pois esta o que me traz é de uma luz tão brilhante.

Discorda da alma, um cristal transparente,
tem um tom qualquer,
se eu soubesse qual é eu diria a você.

Acho que leva rancor, uma marca,
uma mágoa, reflete o incolor da água em
lágrima transformada.

Tão pouco é azul da saudade,
pois essa na verdade, vai sempre doer.

Um rubro escondido que o pôr-do-sol leva consigo,
junto a um pedido de nunca mais sofrer.

Penso ainda que é encardida de sépia,
por machucar em um tempo que passou,
e na fotografia se perdeu e amarelou.

Manchado vermelho corado,
sangra o aceno já esperado, e no negrume
de quem partiu sem poder falar o adeus.

Desfolha seres como nós,
assim faz com a flor,
arranca nossas pétalas roubando nossa cor.

Vejo que poderia ocultar a beleza
em cortinas turquesa se bem mais forte
a eternidade não fosse uma certeza.

E quem já aprendeu pode comparar
a dor com a face do amor,
esse tem multicor, que pintou o criador.

Em passos que ficaram para trás, nos reais traços fortes,
realçando em cor lilás.

Badu