terça-feira, 25 de janeiro de 2011

METADE

Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca

Porque metade de mim é o grito
Mas a outra metade é silêncio

Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza

Que a mulher que eu amo
Seja para sempre amada
Mesmo que distante

Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade

Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece
Nem repetidas com fervor

Apenas respeitadas
Como a única coisa
Que resta a um homem
Inundado de sentimentos

Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo

Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma
E na paz que eu mereço

E que essa tensão
Que me corroe por dentro
Seja um dia recompensada

Porque metade de mim é o que penso
Mas a outra metade é um vulcão

Que o medo da solidão se afaste
E que o convívio comigo mesmo
Se torne ao menos suportável

Que o espelho reflita
Em meu rosto um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância

Porque metade de mim
É a lembrança do que fui
A outra metade eu não sei

Que não seja preciso
Mais do que uma simples alegria
Para me fazer aquietar o espírito

E que o teu silêncio
Me fale cada vez mais

Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço

Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba

E que ninguém a tente complicar
Poque é preciso simplicidade
Para faze-la florescer

Porque metade de mim é plateia
E a outra metade é canção

E que a minha loucura
Seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade
Também

Autor - Ferreira Goular

(Prémio Camões 2010)

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

OS VENTOS QUE ÁS VEZES TIRAM ALGO QUE AMAMOS,
SÃO OS MESMOS QUE NOS TRAZEM ALGO QUE APRENDEMOS A AMAR.
POR ISSO NÃO DEVEMOS CHORAR POR AQUILO QUE NOS TIRARAM E SIM,
APRENDER AMAR O QUE NOS FOI DADO: POIS TUDO AQUILO QUE É REALMENTE NOSSO,
NUNCA SE VAI PARA SEMPRE.

BOB MARLEY