domingo, 27 de maio de 2012

Não quero mais que um som de água



Não quero mais que um som de água
Ao pé de um adormecer.
trago sonho, trago mágoa,
Trago com que não querer.



Como nada amei nem fiz
Quero descansar de nada.
Amanhã serei feliz
Se para amanhã há estrada.



Por enquanto, na estalagem
De não ter cura de mim,
Gozarei só pela aragem
As flores do outro jardim.



Por enquanto, por enquanto
por enquanto não sei quê...
Pobre alma, choras sem pranto,
E ouves como quem vê.





Fernando Pessoa

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